Dois Cantos

16.2.07

Meus 25 anos

Amanhã faço 26 anos. Hoje estou me despedindo dos 25, um ano que foi marcante para mim.
Foi aos 25 que fiz minha primeira viagem de avião e descobri que eu, aquariana, que amo tanto a liberdade e sonho em ter asas – por mais clichê que isso possa parecer –, tenho medo de voar. Não é um medo assim que me empeça de realizar meu sonho de conhecer o mundo inteiro. Mas é um medo suficiente pra me fazer ficar quieta, muda, por quarenta minutos, o que, no fim das contas, rendeu boas risadas entre os que conhecem a tagarela aqui.

Também foi com 25 que fui internada pela primeira vez num hospital. Coisa tonta, só uma infecçãozinha, mas que deu um baita susto lá em casa. Passei mal no meio da noite, o Kiko me levou pro hospital e lá eu fiquei até no fim da tarde, quando acharam melhor fazer uma cirurgiazinha – uma laparoscopia. O mais engraçado de tudo é que, quando eu tomei anestesia, acho que eu estava com aquelas histórias de gente que toma anestesia e fica em coma por anos na cabeça, aí, quando eu voltei da anestesia, ainda estava meio grogue, eu queria perguntar que dia era, mas não conseguia falar direito, então eu olhava pra minha mão, pra saber se eu estava velha. Quando vi que ainda estava de esmalte, pensei: “bom, eu ainda tô de esmalte... então se eu fiquei em coma foram só uns dias, não tem problema”. Toda vez que eu conto essa história alguém diz que eu não sou muito normal!

O ano dos meus 25 anos ainda foi marcado pela primeira vez que doei sangue. Sim! Havia muito tempo que eu tinha vontade de doar sangue porque considero extremamente importante, mas morro de medo e ainda não tinha ido, até que ontem – exatamente, nos últimos momentos dos meus 25 anos – apareceu a oportunidade. Uma campanha para doação de sangue no carnaval e lá fui eu com uns amigos. Doei certinho, mas o medo me consome. Acabei vomitando depois e até desmaiando. Tudo nervoso, porque não dói! Eu é que sou molenga mesmo. Vergonhosamente molenga! De qualquer forma, fiquei feliz de ter feita a doação.

Mas o fato que mais marcou meus 25 anos aconteceu no dia 7 de outubro, num hotel chiquérrimo. Ah, quase esqueci! Aos 25 anos fiquei, pela primeira vez, hospedada num hotel chiquérrimo, num quarto com diária de 800 reais – tudo de presente, né? Mas o mais legal de tudo foi ser pedida em casamento pelo homem da minha vida, numa surpresa incrível.
Enfim, o ano dos meus 25 anos marcou minha vida, e o ano dos 26 promete muito mais! Tá ficando bom ficar velha!

9.2.07

Classificação das Pessoas

As pessoas podem ser classificadas de várias formas. Por raça, religião, tamanho dos pés. Eu, particularmente, as separo em 3 categorias: as que nos surpreendem, as neutras e as que nos decepcionam. E isso não significa que elas são, respectivamente, boas, médias e ruins, senão a classificação seria simplesmente assim. Essa classificação que eu dou para as pessoas é muito mais profunda. Vou explicar.

Observo antes que, é claro, ela não é taxativa. As pessoas podem passear pelos três tipos, dependendo do momento. Então talvez esses não sejam tipos de pessoa, mas tipos de comportamento, porém muitas vezes isso esbarra no conjunto de reincidências de comportamento, que acabam formando uma pessoa e não um único comportamento.
Enfim, isso ainda não está tão claro na minha cabeça como a classificação em si, então vou me resumir a ela. Lá vai:

As pessoas neutras são aquelas que fazem exatamente o que você espera. Não importa se você espera um comportamento divinamente perfeito, se não espera nada ou se já espera alguma coisa ruim. Elas fazem o que é a cara delas e ponto.

As pessoas que nos decepcionam são aquelas que não alcançam aquilo que você espera delas, ou porque você não espera nada e elas fazem alguma coisa que você julga ruim, ou porque você espera um comportamento/atitude bacana da pessoa e ela se mantém neutra ou abaixo da neutralidade. Este último caso, quando você tem a pessoa numa posição privilegiada no seu ranking é muito mais complicado, pros dois lados. Para você porque dói quando alguém tão especial te decepciona. Para a pessoa é complicado (claro, depende do quanto a pessoa estima o lugar que ela ocupa no seu ranking) porque às vezes simplesmente esperamos mais dela do que ela pode dar, e não corresponder às expectativas é frustrante. Ninguém quer competir consigo mesmo e perder, porque é isso que acaba sendo. A pessoa tem que competir com uma versão dela que a gente criou, e aí a coisa é complicada. Mas, complicadas ou não, o fato é que existem as pessoas que nos decepcionam.

E deixei pro final as pessoas que nos surpreendem, porque essas têm tudo pra ser o melhor tipo. Normalmente, as pessoas que nos surpreendem são aquelas de quem a gente não espera nada, ou já espera alguma coisa bacana, e ela vai lá e faz melhor. Pode ser um puta show ou uma coisinha pequenininha, mas é mais do que a gente espera. E isso enche a gente de orgulho de conhecer a pessoa e, quando é alguém numa posição bacana no nosso ranking, de “orgulho de saber do potencial da pessoa”, do nosso “sexto sentido”, “premonição”, do faro para o sucesso.

Mas tem aquelas pessoas que nos surpreendem negativamente. Essas são aquelas de quem você já espera alguma coisa “não-boa” e ela vai lá e mostra pra você que pode ser pior. Isso, definitivamente, surpreende! Deixa a gente tristemente surpreendido, mas ainda assim surpreendido.

E assim, com todas essas pessoas, vou caminhando e aprendendo.

8.2.07

Solidariedade

Quando a água bate na bunda...

É bem engraçado isso, né? Ultimamente ando presenciando muitas cenas e situações que comprovam esse “ditado”. Gente que não move uma palha para ajudar ninguém com as mais politicamente corretas desculpas, até que a água bate na bunda. Aí vale tudo!
Nessa hora pode fazer tudo que não deu pra fazer pro outro e uma ou outra gambiarra a mais.

Acho triste isso. Acho feio.
Na verdade, até entendo que é muito mais fácil dizer que não dá do que falar que está com preguiça. Fica muito mais elegante dar motivos de qualquer natureza, sejam tecnológicos, religiosos, políticos ou até mesmo citar regras e mais regras, do que assumir que não está nem aí pro que está acontecendo, já que o problema não afeta sua vida. Juro que entendo. Mas ainda acho feio. Especialmente quando quem faz esse tipo de coisa tem memória curta e acaba se contradizendo. Se contradizendo para outra pessoa, claro. Talvez alguém mais querido ou que tenha mais valor. Não importa. Só sei que nessas situações em que a água bate na bunda, quando as pessoas têm que dar um jeito, vejo que não importam mais regras, que algumas conveniências deixam de existir. A própria realidade muda e solidariedade parece uma coisa distante.

Aliás, solidariedade para essas pessoas, acredito eu, deve ter a ver apenas com dar uma grana pra alguma entidade com fins muito mais merecedores de atenção do que o colega de trabalho, o vizinho, o irmão.

O que me consola é que em muitas das vezes que presenciei esse tipo de coisa feia, alguém apareceu, mesmo sem ser chamado, mesmo sem ter nada a ver com o assunto, mesmo sem ser afetado pelo que podia acontecer, e ajudou. Isso, em mim, desperta a esperança de que as pessoas passem a enxergar que a solidariedade está muito mais perto do que se imagina, é muito mais fácil do que se supõe, e pode ser dirigida a qualquer pessoa, àquela que está do nosso lado, por exemplo, que não necessariamente está com frio ou com fome, mas que pode estar precisando de alguma coisa.

2.2.07

Escrevendo


Acho que minha cabeça é vazia. Um imenso “vácuo de ar”, como dizia um amigo que insistia que a burra era eu!

Não estou falando de juízo, porque isso é o tipo de coisa muito variável e pessoal. Falo de idéias mesmo. Parece que tudo que me vem à cabeça é tirado de algum lugar óbvio, aquele famoso lugar comum. Que inferno! Uma sensação constante de deja vu. Um castigo interminável para quem vive de escrever.

Acho que só eu sou assim.
E parece que quanto mais liberdade eu tenho, mais difícil fica resolver isso. Aqui, por exemplo. O que eu devo fazer? Uma vez, a primeira redatora publicitária com quem tive contato, a Aline, me disse que, para as palavras, liberdade é uma página em branco. Pra mim isso é quase uma tortura.

Aí eu tento colocar uma música pra ver se vem alguma idéia, um pensamento iluminado. Mas o que acontece é que, de cara, eu tenho vontade de escrever sobre tudo que eu ouço na música. Concordando ou discordando, ou sobre a própria música, ou dando a minha versão dos fatos. E o que acaba acontecendo é que eu fico prestando atenção nas músicas, uma atrás da outra, e me perco no vazio de idéias.

Ok. Chega de música! Vou tomar um café então para dar aquela acordada. Odeio café, o que é ainda melhor para acordar. Ótimo. Agora estou mais acordada que nunca, com os olhos esbugalhados na frente do PC (talvez se fosse um Mac eu já teria umas 30 páginas geniais escritas). Estou acordada a ponto de pensar em várias formas de tentar ter idéia como sair, ler alguma coisa, conversar com alguém, observar as coisas simples do dia-a-dia e vê-las de forma diferente, de um outro ângulo, tentar contar uma história, descrever alguma coisa... mas não a ponto de pensar no quê efetivamente escrever.

Outra idéia me ocorre agora. Não, ainda não é sobre o que escrever. Mas é uma idéia assustadora. Lembrei daquela máxima que diz que nossa vida só é completa se plantarmos uma árvore, tivermos um filho e escrevermos um livro. Um livro do quê, meu Deus? Tudo bem que ainda não fiz nenhum dos três, mas, convenhamos, plantar uma árvore é tranqüilo. Se considerarmos o feijãozinho no algodão do pré-primário eu até já plantei. Se bem que o meu secou em uma semana, então melhor eu tentar de novo. Quanto ao filho, deve ser bem difícil, mas eu já sei como fazer e já tenho até o pai (que eu acho que deve ser a parte mais difícil de conseguir!). Mas um livro? Puta merda! Minha vida não vai ser completa por pura incompetência pessoal. Por falta de idéia. Que vida sonsa!

Agora fiquei deprimida.

Pronto, mas um texto sobre nada.