Dois Cantos

8.2.07

Solidariedade

Quando a água bate na bunda...

É bem engraçado isso, né? Ultimamente ando presenciando muitas cenas e situações que comprovam esse “ditado”. Gente que não move uma palha para ajudar ninguém com as mais politicamente corretas desculpas, até que a água bate na bunda. Aí vale tudo!
Nessa hora pode fazer tudo que não deu pra fazer pro outro e uma ou outra gambiarra a mais.

Acho triste isso. Acho feio.
Na verdade, até entendo que é muito mais fácil dizer que não dá do que falar que está com preguiça. Fica muito mais elegante dar motivos de qualquer natureza, sejam tecnológicos, religiosos, políticos ou até mesmo citar regras e mais regras, do que assumir que não está nem aí pro que está acontecendo, já que o problema não afeta sua vida. Juro que entendo. Mas ainda acho feio. Especialmente quando quem faz esse tipo de coisa tem memória curta e acaba se contradizendo. Se contradizendo para outra pessoa, claro. Talvez alguém mais querido ou que tenha mais valor. Não importa. Só sei que nessas situações em que a água bate na bunda, quando as pessoas têm que dar um jeito, vejo que não importam mais regras, que algumas conveniências deixam de existir. A própria realidade muda e solidariedade parece uma coisa distante.

Aliás, solidariedade para essas pessoas, acredito eu, deve ter a ver apenas com dar uma grana pra alguma entidade com fins muito mais merecedores de atenção do que o colega de trabalho, o vizinho, o irmão.

O que me consola é que em muitas das vezes que presenciei esse tipo de coisa feia, alguém apareceu, mesmo sem ser chamado, mesmo sem ter nada a ver com o assunto, mesmo sem ser afetado pelo que podia acontecer, e ajudou. Isso, em mim, desperta a esperança de que as pessoas passem a enxergar que a solidariedade está muito mais perto do que se imagina, é muito mais fácil do que se supõe, e pode ser dirigida a qualquer pessoa, àquela que está do nosso lado, por exemplo, que não necessariamente está com frio ou com fome, mas que pode estar precisando de alguma coisa.