Dois Cantos

8.9.05

Decepções

Decepções

Uma vez, quando eu tinha uns 12 ou 13 anos, eu e minha irmã participamos de um amigo-secreto de final de ano (destes que todo lugar tem) de uma turma muito bacana (parte dela cresceu conosco). O pessoal estava animadíssimo. Era dezembro, então marcamos um churrasco numa chácara com piscina e passamos praticamente um mês esperando o churrasco. Para o amigo-secreto, foi estipulada uma quantia mínima e uma máxima (com as quais todos concordaram) a ser gasta com o presente e, para facilitar ainda mais a vida da galera e evitar caras feias, fizemos uma pequena lista de "dicas de presentes". Cada pessoa que estava participando da brincadeira colocou nesta lista 5 coisas que gostaria muito de ganhar, dentro daquele valor estipulado. Na lista choviam CDs, blusinhas, perfumes, número de camiseta, de sapato, etc e tal. Lembro que saí com minha irmã para procurarmos os presentes dos nossos amigos. Lembro que pegamos as dicas dos nossos amigos e fizemos uma verdadeira busca pelas lojas e pelo shopping de Limeira. (Sim! Naquela época Limeira ainda tinha um shopping!).
Compramos os presentes e ficamos esperando ansiosas pelo grande dia do churrasco e da revelação, quando íamos ganhar nossos presentes (que também, claro, estavam na lista das dicas).
O dia do churrasco chegou e estávamos todos lá. Piscina, refrigerante, carne, bagunça... uma delícia! Até que, finalmente, chegou a hora de revelarmos o amigo-secreto. E assim foi, como em todo amigo-secreto. Nome a nome, todos foram recebendo seus presentes. Até que alguém chamou minha irmã. Ela foi, toda feliz, pegar seu presente. Apesar do presente não ter o formato parecido com nada que ela havia deixado na lista de dicas, ela continuou muito animada, revelou quem havia tirado e foi sentar para abrir seu tão esperado presente. Era um cofrinho de lata, muito feio e mixuruca, que não tinha absolutamente nada a ver com os presentes da lista que ela deixou (que eram coisas simples, como as das outras pessoas). Ela ficou extremamente desapontada. Afinal, estava combinado que os presentes deveriam seguir a lista (senão ela não teria motivo de existir, certo?).
Às vezes essa história me vem à cabeça. Será que devo esperar das pessoas o mesmo cuidado que tenho com elas, o mesmo tratamento? Se eu não esperasse, não me decepcionaria tanto. Mas será que é justo? E, não sendo justo, será que devo continuar me dedicando tanto? E ainda, mesmo não sendo justo, será que consigo simplesmente deixar de me dedicar? Não me pergunte, porque ainda não encontrei a resposta.